quarta-feira, 6 de maio de 2009

Os fantasmas do Araguaia

É estranho. O primeiro plano estratégico para gestão de uma bacia hidrográfica no País, aprovado há duas semanas pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (onde o governo federal, sozinho, tem maioria e pode impor seus projetos) é o da bacia Tocantins-Araguaia. E traz de volta velhos e surrados projetos para os quais numerosos cientistas já chamaram atenção, mostrando suas inconveniências e danos – como é o caso da hidrovia Araguaia-Tocantins, dos projetos de usinas hidrelétricas, da intenção de expandir o plantio de cana e da irrigação em geral em áreas problemáticas.

Washington Novaes

Na segunda-feira, neste jornal, o repórter Vinicius Jorge Sassine chamou a atenção para vários desses problemas, a começar pela já reduzida capacidade do Rio Araguaia de diluir os esgotos ali lançados sem tratamento em 130 pontos (só 8% dos esgotados na bacia são coletados e só 4% tratados). Não é melhor a situação na área do lixo (47% vão para lixões) nem do abastecimento de água tratada à população (16% não a recebem).
Muito grave é o retorno ao projeto da hidrovia Araguaia-Tocantins, que esteve na pauta na década de 90 e acabou deixado de lado, tantos foram os problemas levantados. Mas agora o ministro Carlos Minc o aponta como fundamental para a expansão do agronegócio na região, embora o próprio plano estratégico diga que em 55% da área da bacia há “alto risco de erosão das terras” (e também de assoreamento dos rios), por causa de desmatamento e uso inadequado do solo. Há décadas o brilhante geomorfologista Aziz Ab’Saber, da USP, vem alertando: a região do Araguaia e de outros rios do Centro-Oeste é de formação mais recente, ainda está em processo de acomodação; por isso, há um imenso cone invertido (de baixo para cima) de dejecção de areia, que muda o leito navegável do Rio Araguaia de ano para ano, com a movimentação de sedimentos. Estudos da Universidade Federal de Goiás, comandados pelo prof. Edgardo Latrubesse, há muitos anos já demonstraram que só por Aruanã passam 8 milhões de toneladas de sedimentos por ano. Uma parte deles vem desde a região das nascentes do Araguaia, onde estudos da profa. Selma de Castro, também da UFG, mostram o assustador avanço da voçorocas, em extensão e profundidade, com a colaboração decisiva do desmatamento nas encostas e topos de morro, para implantação de projetos pecuários. O prof. Tadeu Veiga, da UnB, chega a diagnosticar o início de um processo de desertificação naquela área.
Como pensar, então, em implantar ali uma hidrovia de alta capacidade de transporte? Como dragar durante séculos milhões de toneladas de sedimentos a cada ano para fixar um canal permanente de navegação? E onde se depositarão os sedimentos retirados? Mesmo que sejam transportados para outros lugares, qual será o custo? Quem o pagará? Essas questões vêm sendo levantadas desde o projeto inicial da Ferrovia Norte-Sul, que mostraram serem os custos de implantação e manutenção da hidrovia muito maiores que os da ferrovia e até de rodovias. Por isso mesmo foi feita a opção pela ferrovia, capaz de abrir um porto mais próximo para as exportações do Centro-Oeste. Mas aí está de volta a hidrovia que é o sonho das empreiteiras, pois terão trabalho durante séculos.
Não bastasse a hidrovia, o “plano estratégico” dá prioridade também a novas hidrelétricas. Primeiro, desconsidera estudos como da Unicamp, que mostram não precisar o País aumentar sua oferta de energia: pode economizar até 30% com conservação e uso eficiente (como fez no apagão de 2001); mais 10% com repotenciação de usinas antigas, de baixo rendimento, a custos muito menores; e mais 10% com redução de perdas nas linhas de transmissão (estamos perdendo 17%, contra 1% no Japão). Mas, ao lado das 60 usinas nucleares (!) previstas pelo ministro Lobão (inseguras, de energia mais cara, sem destinação para o lixo nuclear) e das termoelétricas (energia caríssima, altos níveis de poluição), estamos ameaçados por várias hidrelétricas no Araguaia-Tocantins. Entre elas as de Torixoréu-Baliza, Couto Magalhães e Santa Isabel. A primeira delas sepultaria sob as águas um dos lugares mais bonitos no mundo, por onde corre o Rio Encantado, formando várias cachoeiras e piscinas naturais (e por isso já foi criada ali uma área de proteção ambiental). A segunda, Couto Magalhães, também sepultaria todo um vale belíssimo, em Mato Grosso. Na terceira, Santa Isabel, um dos projetos cogitados deixaria sob as águas metade da Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo. Vários estudiosos têm mostrado também que as hidrelétricas inundariam áreas que deveriam ser preservadas e secariam outras, onde acontece a reprodução de peixes e outras espécies. Mas há13 hidrelétricas previstas para a bacia toda.
A expansão da irrigação, principalmente para plantio de cana no vale, é outra questão. Diz o ministro Minc que será feito um “zoneamento ecológico-econômico”, para escolher as áreas. Só que esse zoneamento vem sendo prometido há mais de 20 anos e não acontece. E a expansão projetada da área plantada é de 300% em 15 anos e da irrigação de 1.500% (hoje são 200 mil hectares irrigados no vale). Ao lado da cana, a previsão é de que o rebanho bovino no vale passe, até 2025, para 49,2 milhões de cabeças.
Como observou o superintendente de Recursos Hídricos da secretaria goiana do Meio Ambiente, Harlem I. dos Santos, “é estranho que se dê prioridade a um planejamento estratégico para o Araguaia-Tocantins e não para bacias hidrográficas com densidade populacional muito mais alta”. Como é estranho que um plano estratégico para aquela região não leve em conta seu maior potencial: o turismo (indústria que mais cresce no mundo), principalmente ecológico e cultural.Goiás precisa tomar posição.

Washington Novaes é jornalista
Fonte: www.opopular.com.br

domingo, 29 de março de 2009

Meia Ponte é um dos 7 rios mais poluídos do País, diz relatório

Estudo feito pela Agência Nacional de Águas compara rio goiano ao Tietê, que corta São Paulo
Carla Borges e Rosane Rodrigues da Cunha

O Meia Ponte está entre os sete rios mais poluídos do Brasil. É o que revela o Relatório da Conjuntura Nacional dos Recursos Hídricos no Brasil - 2009, lançado ontem pela Agência Nacional de Águas (ANA). O documento, que avalia a qualidade e a quantidade das águas brasileiras, atesta que a qualidade das águas do Meia Ponte é péssima, principalmente na seca, entre setembro e outubro.

O relatório aponta que, em relação à assimilação de carga orgânica, o Rio Meio Ponte encontra-se em uma situação crítica. Ele aparece ao lado de rios também poluídos, como o Tietê e Piracicaba, em São Paulo, das Velhas e Verde Grande, em Minas Gerais, Iguaçu, no Paraná, dos Sinos, no Rio Grande do Sul, e Anhanduí, no Mato Grosso do Sul. O Meia Ponte atravessa 37 municípios em Goiás e é responsável pelo abastecimento de mais de 2 milhões de goianos .

Para o cálculo da assimilação de carga orgânica são considerados fatores como a quantidade de esgoto gerada diariamente, o volume de resíduos tratados e a vazão do rio. De acordo com o relatório da ANA, em rios com baixa disponibilidade hídrica, principalmente os que se encontram na região do semi-árido, o problema de assimilação de cargas orgânicas está associado, sobretudo, à reduzida vazão dos mananciais.

Em rios com alta disponibilidade hídrica, a causa do problema está na elevada carga orgânica associada à grande densidade populacional das regiões metropolitanas.

TietêEspecialista da ANA, Wagner Vilella disse ao POPULAR que as análises químicas de água apontam situação semelhante entre o Meia Ponte e o Tietê, que corta a cidade de São Paulo e é um dos exemplos mais expressivos de poluição hídrica no País. “O Tietê, hoje, não pode mais ser classificado como rio, mas se compararmos os padrões químicos das águas dos dois (Tietê e Meia Ponte) não há muita diferença”, disse.

Vilella explica que o Meia Ponte é um rio de baixa vazão e que recebe praticamente todo o esgoto da Região Metropolitana de Goiânia. “Na seca, quando a vazão fica ainda mais reduzida, a situação piora, porque é menos água para diluir o esgoto lançado”, diz. É justamente nessa época que também aumenta o volume de esgoto captado e lançado diretamente nos mananciais, por causa da baixa umidade relativa do ar, que leva a um consumo maior de água.

Empresas indiciadas por degradação
O Rio Meia Ponte, que corta regiões com grande densidade populacional e em períodos de seca sofre com a redução de seu volume de água, amarga a soma desses fatores. “Em períodos de seca, o Meia Ponte perde 90% de sua capacidade, mas continua recebendo o lançamento de resíduos, o que transforma o rio em um esgoto a céu aberto”, observa o delegado Luziano Severino de Carvalho, titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente (Dema).

A citação do Meia Ponte no relatório da ANA não surpreendeu o delegado, para quem a situação do rio, que ele considera o mais importante do Estado, melhorou nos últimos dez anos. “Mas muito ainda precisa ser feito”, diz.

Idealizador do projeto Nascentes que, desde 1999, vem promovendo a recuperação de nascentes e matas ciliares do Meia Ponte, Luziano diz que muitas áreas degradadas já foram recuperadas. Empreendimentos poluidores instalados na bacia do Meia Ponte, segundo ele, também já estão se adequando às exigências para o tratamento de seus efluentes.

“Mas, o rio ainda enfrenta o despejo de esgoto in natura, inclusive pela Saneago), a extração de areia e a poluição por resíduos industriais, lavajatos, postos de combustível, frigoríficos, granjas e o agrotóxico usado em lavouras”, diz, enumerando algumas fontes de poluição do rio.

Em fevereiro, após um ano de investigação, a Dema concluiu um inquérito sobre a degradação no Rio Meia Ponte. Mais de 50 empresas foram indiciadas. A Dema, em parceria com técnicos da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), vistoriou empresas na capital, em Goianira, Inhumas, Nerópolis e Ouro Verde. Foi constatada a prática de seis crimes que ameaçam o meio ambiente e a saúde da população. Segundo o delegado, muitas empresas estão funcionando sem a licença ambiental exigida de estabelecimentos potencialmente poluidores. Com a denúncia na Justiça, o delegado se mostra otimista com a possível solução do problema. “A Justiça deve exigir essa licença e as empresas devem se adequar à legislação ambiental”, diz.

Além da adequação dos empreendimentos , a preservação do Rio Meia Ponte requer também envolvimento da sociedade, diz o titular da Dema. Ele observa que o lixo descartado nas ruas de forma inadequada e entulhos jogados às margens do rio também são responsáveis pela degradação do Meia Ponte.

Presidente do Comitê da Bacia do Rio Meia Ponte, o engenheiro em Hidrologia e Recursos Hídricos Marcos Correntino também ressalta a necessidade de educação ambiental da população. “Temos projetos isolados de educação ambiental, mas é preciso ampliá-los”, diz Correntino, que acredita ser esse o caminho para conscientizar empresários, agricultores e toda a sociedade sobre a necessidade de preservar o rio.

Ele observa que o maior problema enfrentado hoje pelo Meia Ponte é o despejo de lixo e esgoto. Essa poluição é agravada no período da seca, quando a impermeabilização do solo e o desmatamento das margens comprometem o volume do Meia Ponte.
De acordo com Correntino, as ações de recuperação do rio são anuladas por outras agressões ambientais. (R.R.C.)

ETE remove só metade de resíduo sólido
Anunciada, quando de sua construção, como a salvação para o Rio Meia Ponte, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Goiânia trata 75% do esgoto coletado em Goiânia, mas remove apenas 50% da matéria orgânica presente nos efluentes coletados. O restante é lançado novamente ao Rio Meia Ponte junto com a água. A ampliação da ETE é uma das medidas anunciadas pela Saneamento de Goiás (Saneago) para despoluir o manancial. Outra é a coleta do esgoto que hoje é lançado diretamente no rio.

A gerente de Tratamento de Esgoto da Saneago, Marisa Pignataro Sant’Anna, acredita que, dentro de três anos, será possível fazer o tratamento secundário do esgoto – atualmente é feito apenas o chamado tratamento primário quimicamente assistido –, quando ficarem prontas as obras de conclusão da ETE. O prazo, acredita, será o necessário para concluir a licitação e executar as obras.

Outra obra que será feita, e já foi licitada, é a construção de um interceptor ao longo do Rio Meia Ponte. Essa rede vai receber o esgoto que hoje é lançado sem tratamento nos cursos d’água. Ele será recolhido e levado para a Estação de Tratamento de Esgoto do Parque Atheneu, que atende moradores de bairros da região sul da capital.

Para receber esse volume maior de efluentes, a estação terá de ser ampliada. Atualmente, ela trata 100 litros de esgoto por segundo. Com a ampliação, a capacidade chegará a 700 litros por segundo. “Esse conjunto de obras vai melhorar bastante a situação do Meia Ponte em Goiânia”, diz Marisa Sant’Anna. A Saneago também promete construir redes e interceptores na região norte de Goiânia, acima do Ribeirão Anicuns, que é afluente do Meia Ponte.
Agência monitora lançamentos

A Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) monitora o lançamento de esgoto diretamente nos rios e córregos da capital. Por meio de denúncias, fiscais da agência têm flagrado situações como a de moradores de bairros distantes que fazem ligações clandestinas para o lançamento do esgoto doméstico na rede de captação de águas pluviais (das chuvas).

A agência também aplicou seguidas multas na Saneamento de Goiás (Saneago), até que a empresa firmou termo de ajustamento de conduta (TAC) com o Ministério Público, comprometendo-se a eliminar o lançamento de esgoto doméstico diretamente nos cursos d’água. No termo foram estabelecidos prazos de um a cinco anos para a realização das obras para garantir a captação de todo o esgoto doméstico gerado pela população de Goiânia.

“Nosso trabalho é de monitoramento e controle para evitar esse tipo de situação”, diz o gerente de Monitoramento Ambiental da Amma, Ramiro Cristiano Martins Menezes. Ele explica que, no caso de ocupações irregulares, a Amma reparte o trabalho com outras pastas municipais responsáveis pelos setores de obras e habitação. “É um problema bem amplo”, resume Ramiro.
O gerente, no entanto, considera “uma injustiça” o relatório da Agência Nacional de Águas (ANA), que compara o grau de poluição do Meia Ponte ao do Tietê. “ Nosso esgoto é doméstico, enquanto o de São Paulo é basicamente industrial”, justifica.

FONTE: www2.opopular.com.br

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Sexo surgiu com peixe pré-histórico, diz estudo.

Sexo surgiu com peixe pré-histórico, diz estudo
26 de fevereiro de 2009 • 09h54 • atualizado às 11h47
Notícias

Embrião encontrado no fóssil do placodermo, peixe que viveu há cerca de 365 milhões de anos, indica que a fertilização de óvulos na fêmea evoluiu mais cedo do que se acreditava
26 de fevereiro de 2009
AP
O estudo do fóssil de um peixe que viveu há cerca de 365 milhões de anos sugeriu que a fertilização de óvulos dentro do corpo da fêmea evoluiu mais cedo do que se acreditava anteriormente. O peixe, conhecido como placodermo, pode ter sido o primeiro vertebrado a se reproduzir através da fertilização de óvulos dentro da fêmea.
Pesquisadores do Museu de História Natural de Londres (NHM, na sigla em inglês) disseram que foi encontrado um embrião de cerca de cinco centímetros de comprimento no fóssil de placodermo. "Este peixe fornece uma das evidências mais antigas de reprodução interna", disse Zerina Johanson, curadora de fósseis de peixes do museu.
"Nós esperávamos que estes primeiros peixes tivessem um tipo mais primitivo de reprodução, onde espermatozoide e óvulo se combinam na água e os embriões se desenvolvem fora do peixe. Copulação parece ter sido a principal forma como animais pré-históricos primitivos se reproduziam, demonstrando que o 'sexo' começou muito mais cedo do que nós pensávamos", afirmou Johanson.
O fóssil foi encontrado originalmente no oeste da Austrália e estava no acervo do museu desde a década de 80. Inicialmente os pesquisadores acreditavam que o fragmento no interior do fóssil fosse apenas um vestígio de um peixe que ele havia comido pouco antes de morrer.
TubarãoO fóssil mostra uma modificação na nadadeira pélvica na barriga do peixe. Os autores do estudo, publicado na revista Nature, acreditam que esta estrutura, chamada clásper, teria sido usada pelo macho para se prender à fêmea durante a copulação - um órgão semelhante ao dos tubarões modernos.
"O clásper é um órgão ereto de maneira intermitente que é inserido dentro da fêmea para transferir o sêmen", disse o co-autor do estudo, o paleontólogo John Long do Museu Victoria, na Austrália.
Em um tipo de placodermo esse órgão é diferente. "Este novo grupo tem clásperes mais flexíveis. No artigo na Nature, nós sugerimos que este é o começo da fertilização erétil masculina, porque parte daquele órgão foi tomado por cartilagem mole", explicou Long.
O processo de fertilização interna e nascimento diferencia alguns peixes e mamíferos de outros animais tais como répteis e anfíbios. Johanson acredita que este era o principal método reprodutivo dos primeiros peixe, como os placodermos e pode ter evoluído também em outros grupos de peixes.

Fonte: BBC Brasil - BBC BRASIL.com

sábado, 31 de janeiro de 2009

A PESCA ESPORTIVA

A PESCA ESPORTIVA
O termo “pesca esportiva”, hoje é muito empregado em toda a cadeia logística que envolve a pesca. Contudo, observamos diferentes interpretações quanto às definições do mesmo.
Para muitos pescadores a definição para o termo “pesca esportiva” seria apenas a prática da pesca seguida da liberação dos peixes. No nosso entendimento, esta definição não está completa, pois é possível praticar o “pesque e solte” e não ser esportivo. Será que todos os pescadores amadores que somente liberam os peixes considerados abaixo das medidas mínimas definidas pelos órgãos ambientais, podem ser considerados pescadores esportivos?
A definição que defendemos para a pesca esportiva seria a prática da pesca, buscando o aprimoramento contínuo de técnicas para as capturas com o uso de iscas e anzóis, utilizando equipamentos balanceados e proporcionais à força, resistência e peso de cada espécie, preocupando-se em promover o menor sofrimento possível aos peixes e a liberação dos mesmos em boas condições de sobrevivência. Não podemos deixar de mencionar, que pescador esportivo é aquele que está compromissado com a preservação da natureza, que respeita e admira os peixes capturados e, sempre que possível, registra imagens.
Será que todas as espécies de peixes podem ser consideradas esportivas? Nossa resposta é sim. Mas será que todos podem ser capturados com o uso de isca e anzol? Partindo-se do princípio que todos os peixes se alimentam, mesmo que seja de detritos ou microorganismos em suspensão (peixes filtradores), acreditamos que em diferentes níveis de dificuldade todos os peixes podem ser capturados com o uso de isca e anzol. Para uma melhor compreensão da possibilidade de realizar pescas esportivas para as diversas espécies existentes, vamos definir, a seguir, alguns critérios relacionados ao processo de captura que denominamos de quesitos de esportividade. Todos os quesitos têm como base a emoção e satisfação do pescador, típicas da natureza humana de superar desafios.
Quesitos de esportividade
Existem diversos quesitos de esportividade considerados importantes por cada perfil de pescador. Dentre eles destacam-se:
Força e resistência: a esportividade está focada na briga com o peixe fisgado, que promove muita força e resistência em relação ao material balanceado utilizado e ajustado às dimensões dos exemplares. Este é um quesito muito procurado por pescadores esportivos. A disputa com o peixe deve ser justa. Algumas vezes o pescador vence e em outras vezes o peixe é que sai vencedor. Refere-se desde a captura de piaus com uso de varas telescópicas até uma longa briga com uma grande piraíba com o uso de material extra pesado.
Dificuldade de captura: a esportividade está em desafiar o pescador a aprimorar suas técnicas e conseguir seduzir o peixe a abocanhar a isca com anzol. Este quesito refere-se à captura de exemplares raros, ariscos ou aqueles que exigem muita paciência e dedicação do pescador, como por exemplo, a captura de cascudos, papa-terras, jaraquis, branquinhas etc.
Buscas visuais: a esportividade está em encontrar o peixe buscando-o visualmente na água e realizar tentativas para capturá-lo. Somente pelo contato visual a freqüência cardíaca do pescador eleva-se, gerando bastante emoção. Este quesito refere-se à pesca de aruanãs, pirarucus, rabo-vermelho, tucunarés etc.
Investidas na superfície: esportividade relacionada à visualização das investidas do peixe na isca na superfície da água. Os estrondos das investidas geram uma descarga de adrenalina no pescador. Este quesito é muito valorizado por pescadores esportivos de tucunarés, traíras, jacundás, pirapitingas, etc.
Uso de iscas artificiais: a esportividade está em conseguir seduzir o peixe a abocanhar uma isca artificial. Este quesito exige muita habilidade do pescador em tentar movimentar a isca em diferentes níveis da água de forma a imitar uma presa para os peixes predadores.
Busca de troféus: a esportividade está em capturar, registrar e liberar grandes exemplares. Este quesito é movido pela busca e superação de recordes pessoais para cada espécie.
Curiosidade: a esportividade está em capturar, registrar e liberar peixes com beleza exótica. Este quesito é movido pelo desafio e curiosidade do pescador amante da ictiofauna, como, por exemplo, a pesca de arraias, linguados, baiacus e cascudos.
Quantidade: a esportividade está focada na facilidade em capturar e liberar uma grande quantidade de exemplares numa mesma pescaria, independente do tamanho dos mesmos. Este quesito é muito procurado por pescadores esportivos. O nível de esportividade que as diferentes espécies de peixes podem proporcionar conforme a relação de quesitos mencionados, vai depender dos objetivos de cada pescador.
James Blanco Nunes Consultor Técnico - Trilhas da Pesca

Entrem em contato com o nosso programa para qualquer dúvida ou sugestão: trilhasdapesca@trilhasdapesca.com.br

FÓRMULAS PARA ESTIMAR O PESO DOS PEIXES CAPTURADOS

FÓRMULAS PARA ESTIMAR O PESO DOS PEIXES CAPTURADOS

Como estimar o peso de um peixe capturado sem o uso de balanças? Vocês sabiam que somente pelo comprimento do peixe isto é possível?
Em ictiologia existe um grande número de fórmulas utilizadas por estudiosos para estimar o peso dos peixes baseando-se em algumas medidas do corpo do peixe. Muitas destas formas são experimentais ou aplicam-se a um grupo restrito de espécies.
Existem duas fórmulas muito utilizadas:
1 - Fórmula Peso x Comprimento
P = a.Cb , que utiliza o método de regressão não-linear ou potencial, onde:
P = peso em gramas, C = comprimento em centímetros, a = constante de regressão e b = coeficiente angular (b tem que tender o máximo possível para 3, o que significa uma curva sigmoidal). Segundo VANZOLINI (1993) e SPARRE & VENEMA (1997), os parâmetros a e b podem ser estimados pela análise de regressão linear, com a transformação logarítmica dos dados de peso e comprimento e a aplicação do método dos mínimos quadrados.
Para cada espécie de peixe temos um valor pré-definido para a e b.
Exemplo:
a=0,0102 e b=3 para piraíba e
a=0,0188 e b=3 para pirararas

Com base em anotações pessoais, observamos uma margem de variações máxima de 15 % nos pesos para as piraíbas, devido a fatores climáticos, genéticos e sexuais e 18 % para as pirararas.

Pesos estimados para Piraíbas
Comprimento (cm)
Peso estimado (kg)
80
5,20
90
7,45
100
10,20
110
13,60
120
17,65
130
22,40
140
28,00
150
34,40
160
41,80
170
50,10
180
59,50
190
70,00
200
81,60
210
94,50
220
108,60
230
124,10
240
141,00
250
159,40
260
179,30
Pesos estimados para Pirararas
Comprimento (cm)
Peso estimado (kg)
40
1,20
50
2,35
60
4,10
70
6,50
80
9,60
90
13,70
100
18,80
110
25,00
120
32,50
130
41,30
140
51,60
150
63,45


2 - Fórmula Peso x Comprimento x Circunferência toráxica

O uso da circunferência toráxica ou axilar é utilizada principalmente para a distinção de sexo de peixes, cálculos de peso e também para homologações de exemplares recordes no IGFA.

Peso em libras = (circunf. em polegadas x circunf. em polegadas x comprimento polegadas) / 800

Exemplo: um peixe com uma circunferência axilar de 20 polegadas e um comprimento de 50 polegadas -> 20 x 20 x 50 / 800 = 25. Assim o peso estimado é 25 libras.

Lembre-se que:
1 polegada = 2,54 centímetros
1 libra = 453 gramas


Observações:
A fórmula do item 1 é mais precisa, no entanto requer o conhecimento dos parâmetros (a e b) definidos por estudiosos da área. Já a fórmula do item 2 é mais fácil de aplicar pois requer apenas medidas que podem ser obtidas no peixe capturado.

Referências Bibliográficas

BARTHEM, Ronaldo; GOULDING, Michael. Os Bagres Balizadores: Ecologia, Migração e Conservação de Peixes Amazônicos. Série Estudos de Mamirauá, volume 3. Sociedade Civil Mamirauá/MCT-CNPq/IPAAM, Rio de Janeiro, 1997. 130p.

FROESE, R. and D. Pauly. Editors. 2007.FishBase. World Wide Web electronic publication. www.fishbase.org, version (04/2007).

SPARRE, P. & S. C. VENEMA. Introdução à avaliação de mananciais de peixes tropicais. Parte l: Manual. FAO Documento Técnico sobre as Pescas. No. 306/1, Rev.2.
Roma, FAO. 1997. 404p.

VANZOLINI, P.E. Métodos estatísticos elementares em sistemática zoológica. São Paulo: Ed. Hucitec., 1993.