sábado, 31 de janeiro de 2009

A PESCA ESPORTIVA

A PESCA ESPORTIVA
O termo “pesca esportiva”, hoje é muito empregado em toda a cadeia logística que envolve a pesca. Contudo, observamos diferentes interpretações quanto às definições do mesmo.
Para muitos pescadores a definição para o termo “pesca esportiva” seria apenas a prática da pesca seguida da liberação dos peixes. No nosso entendimento, esta definição não está completa, pois é possível praticar o “pesque e solte” e não ser esportivo. Será que todos os pescadores amadores que somente liberam os peixes considerados abaixo das medidas mínimas definidas pelos órgãos ambientais, podem ser considerados pescadores esportivos?
A definição que defendemos para a pesca esportiva seria a prática da pesca, buscando o aprimoramento contínuo de técnicas para as capturas com o uso de iscas e anzóis, utilizando equipamentos balanceados e proporcionais à força, resistência e peso de cada espécie, preocupando-se em promover o menor sofrimento possível aos peixes e a liberação dos mesmos em boas condições de sobrevivência. Não podemos deixar de mencionar, que pescador esportivo é aquele que está compromissado com a preservação da natureza, que respeita e admira os peixes capturados e, sempre que possível, registra imagens.
Será que todas as espécies de peixes podem ser consideradas esportivas? Nossa resposta é sim. Mas será que todos podem ser capturados com o uso de isca e anzol? Partindo-se do princípio que todos os peixes se alimentam, mesmo que seja de detritos ou microorganismos em suspensão (peixes filtradores), acreditamos que em diferentes níveis de dificuldade todos os peixes podem ser capturados com o uso de isca e anzol. Para uma melhor compreensão da possibilidade de realizar pescas esportivas para as diversas espécies existentes, vamos definir, a seguir, alguns critérios relacionados ao processo de captura que denominamos de quesitos de esportividade. Todos os quesitos têm como base a emoção e satisfação do pescador, típicas da natureza humana de superar desafios.
Quesitos de esportividade
Existem diversos quesitos de esportividade considerados importantes por cada perfil de pescador. Dentre eles destacam-se:
Força e resistência: a esportividade está focada na briga com o peixe fisgado, que promove muita força e resistência em relação ao material balanceado utilizado e ajustado às dimensões dos exemplares. Este é um quesito muito procurado por pescadores esportivos. A disputa com o peixe deve ser justa. Algumas vezes o pescador vence e em outras vezes o peixe é que sai vencedor. Refere-se desde a captura de piaus com uso de varas telescópicas até uma longa briga com uma grande piraíba com o uso de material extra pesado.
Dificuldade de captura: a esportividade está em desafiar o pescador a aprimorar suas técnicas e conseguir seduzir o peixe a abocanhar a isca com anzol. Este quesito refere-se à captura de exemplares raros, ariscos ou aqueles que exigem muita paciência e dedicação do pescador, como por exemplo, a captura de cascudos, papa-terras, jaraquis, branquinhas etc.
Buscas visuais: a esportividade está em encontrar o peixe buscando-o visualmente na água e realizar tentativas para capturá-lo. Somente pelo contato visual a freqüência cardíaca do pescador eleva-se, gerando bastante emoção. Este quesito refere-se à pesca de aruanãs, pirarucus, rabo-vermelho, tucunarés etc.
Investidas na superfície: esportividade relacionada à visualização das investidas do peixe na isca na superfície da água. Os estrondos das investidas geram uma descarga de adrenalina no pescador. Este quesito é muito valorizado por pescadores esportivos de tucunarés, traíras, jacundás, pirapitingas, etc.
Uso de iscas artificiais: a esportividade está em conseguir seduzir o peixe a abocanhar uma isca artificial. Este quesito exige muita habilidade do pescador em tentar movimentar a isca em diferentes níveis da água de forma a imitar uma presa para os peixes predadores.
Busca de troféus: a esportividade está em capturar, registrar e liberar grandes exemplares. Este quesito é movido pela busca e superação de recordes pessoais para cada espécie.
Curiosidade: a esportividade está em capturar, registrar e liberar peixes com beleza exótica. Este quesito é movido pelo desafio e curiosidade do pescador amante da ictiofauna, como, por exemplo, a pesca de arraias, linguados, baiacus e cascudos.
Quantidade: a esportividade está focada na facilidade em capturar e liberar uma grande quantidade de exemplares numa mesma pescaria, independente do tamanho dos mesmos. Este quesito é muito procurado por pescadores esportivos. O nível de esportividade que as diferentes espécies de peixes podem proporcionar conforme a relação de quesitos mencionados, vai depender dos objetivos de cada pescador.
James Blanco Nunes Consultor Técnico - Trilhas da Pesca

Entrem em contato com o nosso programa para qualquer dúvida ou sugestão: trilhasdapesca@trilhasdapesca.com.br

FÓRMULAS PARA ESTIMAR O PESO DOS PEIXES CAPTURADOS

FÓRMULAS PARA ESTIMAR O PESO DOS PEIXES CAPTURADOS

Como estimar o peso de um peixe capturado sem o uso de balanças? Vocês sabiam que somente pelo comprimento do peixe isto é possível?
Em ictiologia existe um grande número de fórmulas utilizadas por estudiosos para estimar o peso dos peixes baseando-se em algumas medidas do corpo do peixe. Muitas destas formas são experimentais ou aplicam-se a um grupo restrito de espécies.
Existem duas fórmulas muito utilizadas:
1 - Fórmula Peso x Comprimento
P = a.Cb , que utiliza o método de regressão não-linear ou potencial, onde:
P = peso em gramas, C = comprimento em centímetros, a = constante de regressão e b = coeficiente angular (b tem que tender o máximo possível para 3, o que significa uma curva sigmoidal). Segundo VANZOLINI (1993) e SPARRE & VENEMA (1997), os parâmetros a e b podem ser estimados pela análise de regressão linear, com a transformação logarítmica dos dados de peso e comprimento e a aplicação do método dos mínimos quadrados.
Para cada espécie de peixe temos um valor pré-definido para a e b.
Exemplo:
a=0,0102 e b=3 para piraíba e
a=0,0188 e b=3 para pirararas

Com base em anotações pessoais, observamos uma margem de variações máxima de 15 % nos pesos para as piraíbas, devido a fatores climáticos, genéticos e sexuais e 18 % para as pirararas.

Pesos estimados para Piraíbas
Comprimento (cm)
Peso estimado (kg)
80
5,20
90
7,45
100
10,20
110
13,60
120
17,65
130
22,40
140
28,00
150
34,40
160
41,80
170
50,10
180
59,50
190
70,00
200
81,60
210
94,50
220
108,60
230
124,10
240
141,00
250
159,40
260
179,30
Pesos estimados para Pirararas
Comprimento (cm)
Peso estimado (kg)
40
1,20
50
2,35
60
4,10
70
6,50
80
9,60
90
13,70
100
18,80
110
25,00
120
32,50
130
41,30
140
51,60
150
63,45


2 - Fórmula Peso x Comprimento x Circunferência toráxica

O uso da circunferência toráxica ou axilar é utilizada principalmente para a distinção de sexo de peixes, cálculos de peso e também para homologações de exemplares recordes no IGFA.

Peso em libras = (circunf. em polegadas x circunf. em polegadas x comprimento polegadas) / 800

Exemplo: um peixe com uma circunferência axilar de 20 polegadas e um comprimento de 50 polegadas -> 20 x 20 x 50 / 800 = 25. Assim o peso estimado é 25 libras.

Lembre-se que:
1 polegada = 2,54 centímetros
1 libra = 453 gramas


Observações:
A fórmula do item 1 é mais precisa, no entanto requer o conhecimento dos parâmetros (a e b) definidos por estudiosos da área. Já a fórmula do item 2 é mais fácil de aplicar pois requer apenas medidas que podem ser obtidas no peixe capturado.

Referências Bibliográficas

BARTHEM, Ronaldo; GOULDING, Michael. Os Bagres Balizadores: Ecologia, Migração e Conservação de Peixes Amazônicos. Série Estudos de Mamirauá, volume 3. Sociedade Civil Mamirauá/MCT-CNPq/IPAAM, Rio de Janeiro, 1997. 130p.

FROESE, R. and D. Pauly. Editors. 2007.FishBase. World Wide Web electronic publication. www.fishbase.org, version (04/2007).

SPARRE, P. & S. C. VENEMA. Introdução à avaliação de mananciais de peixes tropicais. Parte l: Manual. FAO Documento Técnico sobre as Pescas. No. 306/1, Rev.2.
Roma, FAO. 1997. 404p.

VANZOLINI, P.E. Métodos estatísticos elementares em sistemática zoológica. São Paulo: Ed. Hucitec., 1993.